quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A fingida


No fim de tudo acredito que todos já desistiram de mim, e deve ter sido por isso que voltei àquela antiga gaveta de fingimento e mentiras e retirei minha antiga máscara. Porque mesmo que eu goste da solidão, saber que ninguém mais se importa se estarei viva, ou não, no dia seguinte é uma das piores sensações existentes. Então optei por fingir. Fingir que estou bem, fingir alegria, fingir que não sinto mais prazer na dor, fingir que não penso todas as noites que somente a morte é a solução. Fingir.
Encontramo-nos na rua e exibi o meu melhor sorriso e empolgação intacta. Pude ouvir os comentários "Como ela mudou, nem parece a mesma sociopata suicida de semanas atrás" e senti-me satisfeita por minha atuação perfeita que convenceu àqueles que não sabem identificar a depressão em meu olhar.
Contentem-se com esta mentira. Parece que a verdade não agrada a esta sociedade ridícula e preconceituosa, então entrei no jogo. Minto para vocês, daí passam a me aceitar. Patético.
Mas não os culpo por tudo, o fato de que ninguém mais pode me ajudar a superar meu problema também foi um fator influente na minha decisão de recorrer a máscaras. Se eu não pude salvar a mim mesma, nenhum psiquiatra ou anti depressivo o fará por mim.
Olhem para mim e apreciem meu dom de atuar, mas não confiem tanto. Sei fingir muito bem.

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