quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

(Sobre)viver


Eu não sei mais falar de amor desde que minha vida se resumiu em manter-me viva até o dia seguinte. Até os dias mais belos e ensolarados para mim não passam de apenas horas maçantes e sem fim, o céu me parece nublado e a vida lá fora não faz mais sentido. Meu quarto tornou-se meu refúgio e não faço questão alguma de abandoná-lo. Ficar sozinha tem sido o meu maior desejo e minha maior ameaça.
Ao mesmo tempo que a solidão me é atraente e gostosa de apreciar, é perigosa, pois trás a tona todos os meus medos, fracassos, derrotas e tristezas. São esses momentos que proporcionam perfeitamente o ambiente para que eu acabe de uma vez com o meu único sofrimento que ultimamente tem sido viver. Não viver, mas sim sobreviver. Eu deixei este corpo faz tempo, ele apenas sobrevive aos tortuosos dias que se arrastam. Estou quebrada, é meu fim. Só eu posso me reeguer, e tento fazê-lo a cada manhã, mas não é tão fácil quanto parece.
Voltei a sustentar aquela antiga máscara de menina sociável e alegre apenas com a finalidade de fazer com que as pessoas que convivem próximas a mim parem de sofrer uma dor que pertence unicamente a mim. E esta sou eu, não vivendo, apenas sobrevivendo aos dias de chuva, de calor, e as constantes tempestades que insistem em cair sobre mim.

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