terça-feira, 5 de outubro de 2010

Inocência



Pensar que tudo vai dar certo e que terei meu final feliz me dá mais esperança. Mas às vezes tenho a sensação de que tudo, a vida, não passa de um grande show. São tantas as pedras no caminho, tantas acusações e problemas que engulo ou ignoro, na tentativa de viver bem comigo mesma e com quem está a minha volta. Finjo todos os dias estar bem, feliz, quando na verdade tudo o que eu quero é desabafar, colocar para fora o peso sobre meus pequenos ombros. Chorar. As lágrimas que escorrem trazem ao meu rosto a inocência de uma menina, o medo, e tudo o que eu mais temo. O choro traz a tona o que não suporto demonstrar, fragilidade. E, de repente, aquela garota feliz que você viu sorrindo mais cedo, transforma-se, em seu quarto, em uma menininha inocente, frágil e com medo do que está por vir. Uma menininha que chora por não aguentar a pressão do dia-a-dia, que grita por não saber lidar com as questões difíceis que a vida já lhe deu, e que não sabe como começar o dia seguinte sem mostrar o inchaço que as lágrimas lhe trouxeram ao rosto durante o choro da noite anterior. Chega um determinado momento em que todos precisamos extravasar o que nos incomoda e o que pesa em nossa vida, e então é quando a inocência, que passa diariamente desapercebida, vem e mostra que ninguém é tão forte a ponto de suportar todas as dores sem reclamar. A inocência não está apenas na criança que não sabe de onde vêm os bebês, está também, e principalmente, no coração daquele que tem medo, que sofre por amor e daquele que não aguenta suportar a pressão da vida por muito tempo.

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